sexta-feira, 28 de julho de 2017

O FC Porto de Sérgio Conceição - Primeiras Notas

Chegados que estamos ao início do campeonato, inicia-se também aqui, na Muralha Azul, a nova época. Para abrir as hostes, deixo já os meus desejos para o ano futebolístico que aí vem: espero que a próxima época seja sinónimo do regresso àquilo que até há quatro anos atrás era normal, ou seja, um Porto campeão, a jogar bem, de chama alta e a colocar no devido lugar aqueles que, nos últimos anos, tanto se têm tentado por em bicos de pés. Se possível, com uma boa campanha europeia. Penso que não seja pedir muito e tenho a certeza que é um desejo comum a todos os que seguem as opiniões deste espaço.

O campeonato 2017/18 está já aí e, com algumas semanas de trabalho, já se podem começar a fazer determinadas análises àquilo que vai dando mostras a equipa azul e branca. Os próximos dias aqui na Muralha servirão para analisar o FC Porto de Sérgio Conceição, o plantel portista e os seus reforços.

Comecemos, por isso, pelo FC Porto de Sérgio Conceição.

Para começar, devo dizer que para mim este FC Porto está a ser uma agradável surpresa. Estou a gostar bastante daquilo que vão mostrando os pupilos do treinador portista. É cedo, é verdade, e a pré-época não passa disso mesmo. Todos nós nos lembraremos de pré-temporadas que muito prometiam e que depois não passaram disso mesmo (o FC Porto de Paulo Fonseca - para mim, o exemplo mais gritante) e outras que não deixaram água na boca mas que deram origem a épocas brilhantes (o caso do FC Porto de Vilas-Boas). Quero com isto dizer que para já estão a reunir-se condições para que aguardemos a próxima época com boas expectativas, mas não podemos, isso sim, embandeirar em arco e julgar que vamos levar tudo na frente.

Perdoem-me aqueles que, ao contrário de mim, não ficaram surpreendidos com aquilo que tem demonstrado este FC Porto. Honestamente, não esperava uma equipa que proporcionasse um futebol tão atraente como aquele que tem tentado imprimir ao seu jogo. Aliás, as próprias declarações de Sérgio Conceição à revista "Dragões" convenceram-me disso mesmo: "Para mim, jogar bem é ganhar". Ora, esperava acima de tudo um FC Porto resultadista, que jogaria mais assente na garra e atitude do que propriamente na qualidade do seu futebol. Para já, redondamente enganado (e ainda bem).

As notas que retiro daquilo que foi possível observar até ao momento desta pré-temporada são as de um FC Porto de pendor bastante ofensivo, pressionante, que procura jogar pelo campo todo e em colocar muita gente em zona de finalização.

A pressão alta desta equipa é talvez o que salta mais à vista e algo que a mim muito me satisfaz. A necessidade de recuperar rapidamente a bola e de provocar o erro adversário é constante e tem sido um sinal mais até agora.

A importância dos laterais será reforçada na próxima época, com estes completamente lançados para o ataque a funcionarem quase como segundos extremos, libertando as asas da equipa para terrenos mais interiores ou aparecerem em zonas de finalização. Passa muito por aqui outra das grandes alterações no futebol praticado até ao momento: a de colocar muita gente em zona de finalização.

Relativamente a esta última, é algo que não vínhamos estando habituados nos últimos tempos, mas Sérgio Conceição está apostado a inverter esse indicador. Os jogos de pré-temporada têm mostrado um FC Porto a chegar-se à frente com muitos homens, a criar diferentes oportunidades para assistir e desequilibrar na área adversária o que, contra adversários fechadinhos como os que nos deparamos no futebol português será, com certeza, fundamental.

A isto soma-se ainda, uma equipa que se procura estender por todo o campo, ocupando as entrelinhas e construindo com rapidez e envolvência.

Lá atrás, na defesa, esta parece seguir a tendência positiva da época passada, ainda que com uma grande alteração na forma de defender. A grande projeção dos laterais da equipa faz recuar o médio mais defensivo que funciona como um terceiro central. A grande reação à perda e pressão alta é benéfica, mas pode representar um problema contra equipas que saibam circular rapidamente a bola, aproveitando os desequilíbrios que as zonas de pressão proporcionam a quem ataca. 

Estes são aqueles que aponto como os indicadores essenciais que se vão vislumbrando no FC Porto de Sérgio Conceição.

Para terminar, passo a bola aos nossos leitores: Está esta equipa a surpreender no futebol apresentado? O que mais vos merece destaque no atual modelo de jogo do FC Porto? Deixem as vossas opiniões.

2 comentários:

  1. Boa tarde, Muralha Azul.

    Faz já uns bons meses que aqui comentei no blog. Apesar de ter continuado a acompanhar os posts aqui publicados, não me foi possível comentar os mesmos da forma que gostaria. Por isso, só volto agora a comentar.

    O trabalho que o nosso Mister está a desenvolver, juntamente com a sua equipa técnica, está-me a surpreender bastante mas, ao mesmo tempo, não está. Sei que é um contra-senso mas passo a explicar o porquê. Esperava muito trabalho e dedicação por parte de Sérgio Conceição, sabia que ia melhorar imenso o nosso futebol, a nossa vontade de ganhar e de encarar o jogo. Ia incutir aos jogadores agressividade (positiva), união e sentido de golo. Contudo, é de deixar um Portista orgulhoso quando vemos isso tudo a acontecer em tão pouco tempo... Apesar do aperto financeiro, teve uma estratégia muito inteligente em apostar nos jogadores emprestados... Algo que já devia ter sido feito à muito, muito tempo. Todos demonstram compromisso com a equipa e com os objectivos do clube, todos estão com o treinador... Passado tão pouco tempo de trabalho, notava-se pelas declarações dos jogadores que já estavam com o treinador e isso é algo ótimo e que se sempre caracterizou o Futebol Clube do Porto.

    Embora muitas das nossas conquistas tenham sido a jogar em 4-3-3, acho que que o nosso Mister faz muitíssimo bem a jogar em 4-4-2. O futebol está constantemente a mudar e, para mim, neste momento são poucas as equipas que podem jogar com apenas um ponta-de-lança na área. Vamos enfrentar na maioria das vezes equipas fechadas no nosso campeonato, a fazerem anti-jogo e, por isso, vamos precisar de jogadores que desgastem a defesa adversária e que permitam abrir espaços para os companheiros. Na minha opinião, o nosso melhor período de futebol foi quando jogámos com André Silva e Soares no ataque, como pontas de lança, e não com um deles a extremo... Um desgastava a defesa, pressionava e envolvia-se no jogo colectivo da equipa e o outro só tinha que finalizar... Depois tudo isso mudou e foi o que se sabe. Neste momento, o Sérgio Conceição está a fazer isso com Abou e Soares e estamos a ter bons resultados. Juntando a um futebol pressionante, envolvendo o colectivo, com rapidez, vontade de chegar à baliza e sem medo de rematar, tem tudo para dar certo.

    Agora é a nossa vez, os sócios e adeptos, de apoiarmos a equipa técnica e os jogadores, de lhes transmitirmos força e segurança. O resto, sem forças externas, virá por acréscimo e em maio estaremos todos juntos, em família, a festejar.

    Cumprimentos a todos,
    BMF

    PS: Quando comentei no outro post, não me identifiquei, apesar de comentar em anónimo. Sempre que aqui comentar, irei-me identificar com as iniciais BMF.

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    1. Seja bem-vindo de novo à caixa de comentários caro BMF,

      Efetivamente já se vai notando a envolvência entre a equipa, dentro e fora de campo, um espírito de grupo que será muito importante. Aliás, Sérgio Conceição referiu isso mesmo nas primeiras entrevistas concedidas já como treinador do FC Porto.

      Relativamente à aposta no 4-4-2, concordo. O facto de termos vencido muito no passado com um 4-3-3 não garante que o continuemos a fazer. Esta equipa também me tem agradado e o modelo adotado por Sérgio Conceição parece ser o ideal para servir os seus propósitos.

      Ainda que apenas estejamos em Julho, estão a ser reunidas condições para que aguardemos com boas expectativas a nova época.

      Um abraço!

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