segunda-feira, 19 de março de 2018

Castores e Panteras

Após o desaire inesperado da última jornada, o derby da invicta era o desafio que se seguia no sentido de perceber de que forma iria reagir a equipa do FC Porto. 

Há uma semana atrás, para além das baixas, assistimos a um Porto desfalcado de velocidade e critério, com opções que não resultaram e, a dado momento, a um jogo parado com futebol nos entretantos. A teimosia de Sérgio Conceição fê-lo lançar ao jogo André A. para o lugar do castigado Herrera e, a ausência daquele que era o patinho feio da equipa foi evidente, bem como a diferença que é ter o mexicano no 11. Se até agora, na falta de alguém, quem entra tem dado conta do recado, em Paços de Ferreira foi evidente que tal não aconteceu. Muito do fracasso desse jogo passou pela zona central do terreno, onde os portistas nunca conseguiram ter o domínio quer no momento defensivo, quer na fase de construção. Isso aliado à desinspiração dos principais desequilibradores dos Dragões conduziu a um resultado negativo para o FC Porto.

A derrota surgiu, quiçá, no pior momento. Não só não aproveitamos a momento debilitado do nosso rival, como lhes demos força e crença de que ainda era possível. De tal forma que, pela análise ao que se ia dizendo por metade do país desportivo, parecia mesmo que já não era o FC Porto quem liderava (e lidera) este campeonato.

Ontem, no Dragão, o FC Porto recebeu o rival Boavista, ainda desfalcado mas mais competente e um pouco mais esclarecido resultando num exibição "quanto baste", mas ainda longe do nível apresentado até há poucas jornadas atrás. 

Ainda sem Danilo, Telles e Marega, o FC Porto beneficiou da alavanca que é marcar cedo. Ainda alguns adeptos entravam no estádio e já Felipe andava às piruetas no relvado a festejar o primeiro. Abrir o marcador cedo facilita e muito a tarefa de qualquer equipa, quando se vem de uma derrota, mais importante se torna para afastar qualquer tipo de pressão e soltar os jogadores.

Contra um adversário a realizar uma excelente temporada e bem orientado, o FC Porto fez aquilo que se exigia. Sem o fulgor que nos tem habituado, mas competente, pese embora a intensidade dos axadrezados que, em determinados momentos, condicionou a abordagem portista, apenas incomodaram verdadeiramente Casillas por uma vez.

Após a vitória por 2-0, segue-se, agora, uma importantíssima paragem para as seleções que, certamente, vai cair muito bem ao plantel e treinador, para que possa recuperar os seus jogadores e preparar da melhor forma a reta final que aí vem. Era muito importante não perder a vantagem de 5 pontos numa fase em que o plantel estava mais debilitada. Não foi possível, resta fazer para que não se repita.

DESTAQUES:

IN

HERRERA - De volta ao 11 e em bom plano. Foi o jogador que mais remates fez, três, todos eles à baliza, e um dos quais resultante em golo. Foi feliz no único drible que arriscou e contabilizou 38 passes certos – mais do que qualquer outro jogador.

SÉRGIO OLIVEIRA - Criou uma ocasião flagrante, que resultou no primeiro golo da partida, e foi o jogador que mais bolas colocou na área contrária (13). Sofreu três faltas, duas delas em zona de perigo, e cometeu cinco. Foi ainda líder em perdas de posse (19).

OLIVER - Entrou no momento em que o FC Porto estava a ter maiores dificuldades em impor o seu jogo e, curiosamente, foi quando a equipa melhorou e voltou a crescer. Trouxe critério e tranquilidade, espero que esteja para breve a mudança de opinião de Sérgio Conceição face ao jovem espanhol.

OUT

LESÕES - O grande entrave neste momento, as lesões. Se estas até fizeram emergir um Sérgio que até então nunca se tinha visto e que (quase) fez esquecer Danilo, a ausência de alguns jogadores tem retirado poder de fogo a este FC Porto. Podemos falar de dependência? Talvez, mas todas as equipas sentem falta dos jogadores que melhor servem os seus propósitos. Neste momento são 3 em falta e mais alguns à procura da melhor forma após tempos longe do relvado.

sexta-feira, 9 de março de 2018

"Remontada" No Orgulho

Com pouco para jogar, no que diz respeito ao apuramento, o FUTEBOL CLUBE DO PORTO apresentou em Liverpool o orgulho e o prestígio. E se com um onze a roçar a segunda linha os azuis e brancos saíram com a "moral" em alta, a sensação que fica é que com um dia sim no Dragão e a musica na terra dos Beatles podia ter sido outra.

Num palco e num ambiente histórico como o que se vive em ANFIELD ROAD o jogo para a equipa de SÉRGIO CONCEIÇÃO era mais que uma formalidade. Isto sem, no entanto, esquecer o principal foco dos azuis e brancos no momento que passa pela conquista da LIGA NOS. Assim, o técnico portista apostou na segurança defensiva, alterando apenas ivan MARCANO por diego REYES, e na reverência ofensiva, lançando ANDRÉ ANDRÉ, ÓLIVER torres, majeed WARIS e o regressado vincent ABOUBAKAR., dando ainda a titularidade ao miúdo BRUNO COSTA.

Do outro lado e com a presença nos "quartos" assegurada, jürgen KLOPP também fez várias alterações sem com isso deixar de olhar para os três pontos, até porque jogava perante o seu público. Ainda assim, jogadores como adam LALLANA, emre CAN, sadio MANÉ ou roberto FIRMINO foram armas para o duelo de ANFIELD ROAD.

Em relação ao jogo, com pouca história o LIVERPOOL FC foi quase sempre superior. Mesmo sem a pressão defensiva habitual (quase asfixiante) e com menos verticalidade, o jogo mais pensado, principalmente pelas alas (tentando sempre a superioridade perante MAXI pereira e diogo DALOT) esbarraram sempre ou nos centrais portistas, onde FELIPE esteve imperial, ou em iker CASILLAS, segurança defensiva essa, o ponto forte azul e branco no jogo.

Já o FC PORTO, agarrou-se a essa segurança como base para o seu jogo. Ofensivamente, sem as setas habituais e com WARIS (que a espaços foi o repentista) e CORONA constantemente no apoio aos laterais, a organização ficou a cargo de um meio campo a três, mas aí, os problemas do onze apresentado estiveram a nu. ANDRÉ nunca foi solução, denotando alguma falta de ritmo. ÓLIVER, embora com a batuta e incansável na (boa) colocação dos espaços, falhou demasiados passes e o miúdo da B, apesar da boa prestação e dos bons apontamentos acusou o peso da competição. 

Perante isto, e com ABOUBAKAR fisicamente aquém do esperado, só as alterações com as entradas, principalmente de RICARDO pereira e sérgio OLIVEIRA, deram as soluções que até aí tinham faltado. E se defensivamente, mesmo perante mohamed SALAH, os dragões iam cumprindo, nos pés de ÓLIVER e FELIPE estiveram as melhores oportunidades, ambas através de bolas paradas.

Com um resultado justo, em função do jogo e de todas as condicionantes, o FC PORTO termina de forma digna a sua participação na prova milionária. E numa partida em que ambas as equipas se preocuparam mais com os seus jogos seguintes (o do FC PORTO já no domingo, em Paços de Ferreira) a mesma serviu ainda para se sentir o pulso a uma atmosfera incrível e onde claramente, os adeptos azuis e brancos deram show.

DESTAQUES

IN

FELIPE / CASILLAS - Dois monstros à altura do jogo e as principais figuras azuis e bancas.

CHAMPIONS - O FC PORTO caiu, mas de pé. Está aberto o apetite para a LIGA DOS CAMPEÕES 18/19

MAR AZUL - Incrível o apoio dos adeptos do FC PORTO. Liverpool virou azul e branca.

OUT

ABOUBAKAR / ANDRÉ ANDRÉ - Longe de um bom jogo. Se em ralação ao camaronês há índices físicos a melhorar já o português não fica com vida facilitada.

INTERVALO - Foi pena a eliminatória ter ficado decidida a meio. A história podia ter sido outra.

por Fábio Daniel Ferreira

domingo, 4 de março de 2018

É Firme o Passo

Vencer era a palavra de ordem e o objetivo foi conseguido, vencemos! Está claro que para o FC Porto todos os jogos são para ganhar, mas este representava muito mais que isso: afastar o Sporting da luta pelo título e manter a vantagem para o benfica. E sim, ao contrário daquilo que possa parecer o FC Porto também tinha baixas. Bem sei que não convinha falar muito disso, caso contrário qual seria a desculpa para justificar a derrota deste Sporting? 

É óbvio que a equipa visitante não venceu porque estava sem Bas Dost e Gelson, mas o FC Porto sem Soares e Danilo, e com Ricardo e Abou no banco depois de vários jogos afastados por lesão é um pormenor sem relevância. 

Ao quarto jogo entre as duas equipas, o Sporting foi capaz de dar uma boa réplica e causar reais dificuldades ao FC Porto, coisa que ainda não tínhamos visto nos 3 jogos anteriores, onde, ainda assim, os portistas apenas conseguiram levar de vencida uma partida. No Dragão, assistiu-se a um desafio equilibrado, eletrizante e, em muitos momentos, com superioridade da equipa lisboeta. Os azuis e brancos souberam sofrer e acabaram por deixar em casa um triunfo importantíssimo na corrida pelo título.

Num jogo de parada e resposta, foi o FC Porto que entrou melhor no clássico. Os minutos iniciais registaram maior superioridade na posse de bola para a equipa da casa, com Marega a causar alguns problemas à defesa sportinguista. Foi precisamente do Maliano de quem saiu a primeira grande oportunidade do encontro, valeu Bryan Ruiz a evitar males maiores tirando uma bola em cima da linha. A resposta sportinguista não tardou e veio logo no lance seguinte.

Aos 26' nova oportunidade para o FC Porto e novamente por Marega, mas o africano, lançado por Gonçalo Paciência, não soube aproveitar da melhor forma o facto de ficar isolado perante Rui Patrício. Falhou Marega, mas não falhou Marcano. O central espanhol na sequência de uma bola parada concluiu da melhor forma o cruzamento de Herrera e abriu o marcador. Ao sexto remate dos portistas estava feito o primeiro aos 28 minutos.

O equilíbrio era a palavra dominante neste jogo e, pese embora a vantagem dos azuis e brancos, o encontro continuava bastante dividido. À passagem da meia hora o FC Porto mostrava mais perigo e intensidade, com um futebol mais prático e vertiginoso, ao passo que o Sporting procurava pausar mais o seu jogo com um futebol mais pensado.

Aos 43' o Sporting empata a partida. Bryan Ruiz recebe a bola solto de marcação, apenas com a linha defensiva portista pela frente. Marcano não recuperou a profundidade e o costa-ricanho aproveitou para progredir com a bola e lançar para a desmarcação de Rafael Leão.

No segundo-tempo, os portistas subiram ao relvado apostados a desfazer o empate e, logo aos 49 min, Brahimi deu de novo a vantagem aos portistas. Após nova boa jogada de Paciência, a fazer uso da sua capacidade para oferecer apoio, guardou a bola, ganhou espaço e cruzou atrasado para o interior da grande área, onde Brahimi apareceu soltou e não ofereceu hipóteses a Rui Patrício.

Até aos 60 min, o Sporting tentava passar para cima na partida, embora com mais posse não conseguia materializar o ligeiro ascendente que se ia verificando. Porém, a partir do min 70, o perigo para a baliza de Casillas foi aumentando cada vez mais, o domínio Sportinguista intensificou-se (62% de posse de bola) e os portistas recuaram, tentando apostar em contra-ataques rápidos, aproveitando a velocidade de Marega.

No momento de maior aperto para os Portistas, valeu a defesa sólida dos Dragões e o alto nível, habitual nos grandes jogos, de Iker Casillas que iam travando as investidas leoninas da melhor forma possível. Até final o Sporting contou ainda com duas ocasiões flagrantes, desaproveitas pelos seus homens da frente.

Jornada após jornada, independentemente do adversário, é cada vez mais firme o passo no caminho até à vitória final. A confiança, espírito de sacrifício e crença desta equipa são enormes. Jogue quem jogar, apresenta-se a bom nível. Não há amuos, apenas compromisso e vontade de ajudar. É muito disso de que é feito esta equipa, e a minha convicção é que será este o nível da equipa até final.

DESTAQUES:

IN

CASILLAS - Fez quatro intervenções, algumas de grande dificuldade. O guardião espanhol travou dois disparos dentro da sua grande área, numa dessa defesas a negar um golo quase certo a Fredy Montero.

G. PACIÊNCIA - Primeiro jogo a titular e ajudou a decidir. Não tem a velocidade vertiginosa que oferecem Abou e Marega, nem o faro de golo de Soares, mas oferece uma capacidade técnica, apoios e facilidade em jogar de costas para a baliza que os seus colegas não dão. Claro que, com a equipa a jogar predominantemente aproveitando a velocidade, com ataques rápidos, Gonçalo tenha maior dificuldade mas, quando teve oportunidade para fazer uso das suas capacidades fê-lo como aconteceu no lance do segundo golo ou quando isolou Marega na 1ª parte.

DALOT - Novo jogo a bom nível do jovem defesa, com o tónico de ser num jogo de dificuldade acrescida. Pensei que Ricardo poderia saltar para a titularidade, mas Sérgio deu um voto de confiança a Diogo Dalot e o miúdo não tremeu. Joga como gente grande, ataca defende, não tem medo e ainda para mais a jogar fora da sua posição preferencial.